quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sinais de uma Utopia inacabada ou os caminhos de uma viagem começada

Nas pessoas que dramatizava perfeitas, buscava, ao fim de um dia de itinerância, o conforto de uma chegada plenamente realizada. Completado estaria o itinerário programado, os lugares de merecido destaque deveriam estar algures na minha memória, a fim de serem novamente, e ainda mais uma vez, revisitados, e eu próprio sentiria que teria deixado pequenas partes de mim, precisamente naqueles momentos em que me achava perdido na imensidão de cada descoberta. A ser assim, não seria de uma viagem que falaria, antes de um sonho acerca de uma viagem realizada num tempo imaginário, com personagens e mesmo caminhos ideais, onde o real se resumiria ao simples prazer eterno estar em viagem.

Na longa jornada de um caminhante, há momentos em que desaparece a distinção, segura aquando da partida, entre aquele que caminha e o caminho escolhido. E eis que chegado ao final de mais um dia a caminho, o cansado caminhante acaba sempre por se questionar sobre a etapa realizada. E na iminência de um sono pesado pelas pedras e poeiras do caminho, o descansado caminhante vai-se deixando envolver pelo reincidente pensamento: “Serei eu o caminhante ou o caminho?”