sábado, 6 de fevereiro de 2010

Um repouso

Chegados ao início de mais uma noite, é tempo de nos sentarmos um pouco, de parar, como se o amanhã tarda-se a chegar ou simplesmente fizesse um pequeno compasso de espera, só para que pudessemos saborear este momento de calma e serenidade. Quando o corpo se encontra finalmente numa posição confortável, a mente tende em libertar-se, a ganhar asas e a voar. Umas vezes a viagem é para longe, outras vezes é para bem perto do lugar onde nos encontramos. Vale a pena esta viagem que se inícia quando o mundo parece querer repousar: os barulhos vão-se silenciando, as pessoas recolhendo-se em suas casas, até que enfim, nós!, podemos finalmente sentarmo-nos tranquilamente em nossas casas.
A noite traz consigo esta mística que tanto nos fascina, este mundo luar mais intimista que nos envolve e faz emergir o mais puro de nós mesmo. Seja a ansia de conhecer, seja o desejo eterno de se dar a conhecer. Tudo se conjuga de forma perfeita num encontro. 
Ainda que estejamos sozinhos em casa, tal qual como eu enquanto escrevo estes breves pensamentos, os nossos pensamentos, sonhos e ideias, andam por aí à solta, sem pressas nem constrangimentos. 
Quem sabe, talvez um dia, os meus e os teus se cruzem numa rua qualquer por percorrer.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sinais de uma Utopia inacabada ou os caminhos de uma viagem começada

Nas pessoas que dramatizava perfeitas, buscava, ao fim de um dia de itinerância, o conforto de uma chegada plenamente realizada. Completado estaria o itinerário programado, os lugares de merecido destaque deveriam estar algures na minha memória, a fim de serem novamente, e ainda mais uma vez, revisitados, e eu próprio sentiria que teria deixado pequenas partes de mim, precisamente naqueles momentos em que me achava perdido na imensidão de cada descoberta. A ser assim, não seria de uma viagem que falaria, antes de um sonho acerca de uma viagem realizada num tempo imaginário, com personagens e mesmo caminhos ideais, onde o real se resumiria ao simples prazer eterno estar em viagem.

Na longa jornada de um caminhante, há momentos em que desaparece a distinção, segura aquando da partida, entre aquele que caminha e o caminho escolhido. E eis que chegado ao final de mais um dia a caminho, o cansado caminhante acaba sempre por se questionar sobre a etapa realizada. E na iminência de um sono pesado pelas pedras e poeiras do caminho, o descansado caminhante vai-se deixando envolver pelo reincidente pensamento: “Serei eu o caminhante ou o caminho?”